RENAN SANTOS

O Brasil proposto por Tarcísio continua fraco e covarde

Nada de novo no reino dos sem-imaginação

RENAN SANTOS

16 NOV. 2025


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Tarcísio se lançou candidato num evento emprestado. O dono da festa se chama Tallis Gomes, empresário de sucesso e ex-aliado de Pablo Marçal. O discurso, preparado para agradar a Faria Lima, propõe que o Brasil seja um “bom parceiro”, fornecendo energia, data-center e comida para o mundo.

Ele sugere que o Brasil fique com um naco dos processos de produção de semi-condutores e tome parte, também, na exploração das terras raras, indicando um tipo de negociação com os Estados Unidos dentro da temática proposta pela administração Trump.

Curiosamente, quem esteve nos Estados Unidos recentemente foi justamente Tallis Gomes, buscando parcerias com a direita trumpista. Nada de errado aí — faz parte do jogo e eu mesmo estabeleci alguns contatos. Eles me narraram, com curiosidade, as intenções do rapaz. Para nossos amigos do norte, a temática das terras raras é premente, e está na mesa de negociação, inclusive, junto a administração Lula.

O que me gera inquietação é a obviedade do meu concorrente: Tarcísio só tem a propor, para além do (necessário) discurso fiscalista, o atendimento dos interesses imediatos do governo Trump, como forma, também, de obter a validação da sua administração. É bacana — dependendo dos termos —, mas é pouco.

O (proposto) preposto de Bolsonaro continua carecendo de uma leitura imaginativa de país. As relações com os Estados Unidos (ou com a China) tem que transcender o que está posto na mesa, dado que o que temos são migalhas. Não há uma ideia de Brasil grande, de estreitamento de parcerias mediante realinhamento geopolítico, do estabelecimento de Zonas Econômicas Especiais, de parcerias militares nas Américas; não há ( e nem tem como haver) um horizonte reformista que destrave metade do Brasil, preso no patrimonialismo de seus donos políticos; não há absolutamente nada para além do que já vimos nas finadas candidaturas tucanas de outrora.

Isso fica claro em seu governo: é uma gestão de continuidade, com leves melhoras em algumas áreas, mas nenhum avanço estrutural que aponte um novo caminho.

Tarcísio é o candidato do sistema (e falo aqui sem anti-política boboca) pois sua proposição é paliativa; ele mantém vivo um corpo canceroso, tomado pela metástase do centrão, mas não aponta para nada que cruze as portas do hospital. A Faria Lima se empolga pois, diante do desastre atual (e da volúpia otimista), é o que tem. Se tem tu, vai tu mesmo.

Pra eles soa bacana.

Pra gente é pouco.

Meu futuro não tem que (só) fazer preço.

Meu futuro faz guerra.

É guerra contra o crime organizado, é favela tornada bairro, é destruição do complexo político do centrão (aliados de Tarcísio), é agricultura mecanizada invadindo o nordeste, é Inteligência Artificial no SUS, é colegial técnico e bolsa em escola particular pra aluno pobre que tira nota alta. É político do Centrão sem direito político por não cumprir meta de saneamento, é esquerdista preso por tentar matar inimigo político, é tigrinho, blaze e bet proibido no Brasil. É Zona Econômica Especial no Nordeste e polo farmacêutico na Amazônia, é fusão de município quebrado, é banco de desenlvolvimento na América do Sul, é infraestrutura continental financiada pelo Brasil. É complexo militar industrial no Vale do Paraíba, é biodísel no matopiba, é indicador de desempenho em cidade pequena. É tudo isso e mais um pouco.

Dia 29 faremos nosso evento, e não pegarei ninguém emprestado de coach pois coach não fala em evento nosso.

Lá te aguardo.

Saudações a quem imagina.

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